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  • Foto do escritorGabriela Gibim

Três frases que guardo comigo


Em agosto, mês da(o) psicóloga(o) resolvi selecionar três frases importantes em minha trajetória - seja durante o meu período de formação ou atualmente como psicóloga. São frases que saltaram à memória quando parei para pensar nessa profissão e no quanto ela caminha lado a lado com as mudanças coletivas.


Minha intenção é que essas frases possam te auxiliar, de alguma forma, a percorrer a sua própria trajetória.



“A cidade invadiu a clínica”


Essa frase ficou ecoando em mim após assistir a uma palestra de Flávia Fernando Lima Silva. Foi uma das primeiras vezes que estive em um congresso na faculdade, em 2012. Recolhi essa frase em uma das falas da palestrante. Conforme ela mencionou à época, a frase originalmente aparece no filme “Os sonhadores”, quando a personagem Isabelle “desperta” com a algazarra (no sentido antigo do termo) que vinha do lado do lado de fora e diz a quem estava deitado a seu lado: “A rua invadiu o quarto!” - alguns anos depois, quando vi o filme, a frase ainda estava clara em minha memória.


Ela me faz lembrar que cada vez que a porta se abre, ou a ligação se inicia, cada pessoa traz consigo toda cidade, que entra pela “porta” da clínica.


Um olhar atento e crítico poderia nos mostrar que a clínica sequer está fora da cidade. E é. Contudo, a clínica nos permite olhar aquilo (as emoções, por exemplo) que não tem lugar na vida individual e na vida em sociedade, mas que pede passagem.



“Clinicar é se inclinar”


Essa frase entra para a categoria “frases do pensador” versão Unesp Assis, porque eu tenho certeza que eu ouvi de algum professor de graduação, mas não lembro qual, e tentando adivinhar eu poderia facilmente atribuí-la a muitos deles. “...mas, citar sem fonte não pode!”, às vezes, pode sim…


Para mim, ela resume o sentimento de empatia - e não simpatia - que exercitamos no papel de terapeutas.


Ela é aquele tipo de frase que vai sendo“incorporada” de formas diferentes ao longo do tempo. Hoje lembro dela e penso que para clinicar eu preciso sentir com o outro. E sentir com me transforma e faz com que eu também descubra ou me recorde de algo sobre mim nesse processo (com a diferença clara que apenas um de nós está lá para ser cuidado).


Vale dizer que essa frase, ainda, abre espaço para uma outra - de um sábio antigo chamado Terêncio - , que poderia ser a quarta frase nessa lista de tanto que ela me marca, também: “nada do que é humano me é estranho”.



“Uma boa terapia é arte e não técnica”

Está no livro “Metodologia da vegetoterapia Caractero-Analítica” de Frederico Navarro e trata de um modo de praticar a clínica que lida, sobretudo, com um especial cuidado às emoções, daquilo que a racionalização parece não dar conta plenamente e que - por isso - clama por outras formas de expressão e de comunicação.


Como forma de reação inventiva contra tudo que está enrijecido, solidificado na sociedade e em nossos corpos, pela via da arte criam-se outras formas de estar no mundo.


É bem provável que “boa” no sentido que o autor colocou seja aquela terapia bem realizada, que cumpre o seu propósito. Diria também que é “boa” porque aposta no prazer de viver, de abrir espaço para o que já existe e pede passagem.



Queria deixar nesse finalzinho um abraço afetuoso especial para todas minhas amigas e amigos queridos de jornada psi. Grata pela companhia!!


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